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Pesquisa aponta os efeitos da dieta sobre a artrite e o remodelamento ósseo

Um estudo de doutorado, orientado pela professora do Departamento de Nutrição da Escola de Enfermagem da UFMG, Adaliene Versiani Matos Ferreira, e coorientado pelo professor do Departamento de Bioquímica e Imunologia, Flávio Almeida Amaral, apontou os efeitos dos componentes da dieta sobre a artrite e o remodelamento ósseo. A pesquisa, desenvolvida no Brasil, avaliou o metabolismo de camundongos após a indução de artrite aguda por antígeno e analisou a influência do remodelamento do tecido adiposo.
A autora da pesquisa, Marina Chaves de Oliveira, conta que neste modelo os camundongos desafiados com antígeno no joelho apresentam os neutrófilos como principais células no local da inflamação, com pico registrado 24h após o desafio. “Em geral, após o desafio, esses animais apresentaram intolerância à glicose, aumento da concentração sérica de glicose, triglicérides e colesterol total, bem como alteração em adipocinas na circulação, como adiponectina e leptina, que são principalmente secretadas pelo tecido adiposo”.
Depois, partiu-se da hipótese de que o estado de obesidade crônica, devido ao aumento de células e mediadores pró-inflamatórios, agravaria a resposta inflamatória no joelho no modelo de artrite aguda induzida por antígeno. Entretanto, o consumo de dieta rica em carboidratos refinados, que é caracterizado por aumento de adiposidade sem ganho de peso, demonstrou menor quantidade de neutrófilos na cavidade sinovial. “De forma surpreendente, o consumo de dieta rica em ácido graxo saturado, caracterizada por aumento de adiposidade e peso, ou suplementação com ácido linoleico conjugado, que reduz a adiposidade, apresentaram também redução da presença de neutrófilos na cavidade sinovial”, conta Marina. Esses dados indicam que a alteração metabólica causada por diferentes composições de dieta altera o recrutamento de neutrófilos em modelo de inflamação aguda.
Na Holanda
Durante um ano, Marina desenvolveu parte do seu doutorado na Holanda, na Radboud University Nijmegen. A proposta foi avaliar o efeito de vesículas extracelulares do leite bovino comercial na artrite crônica e remodelamento ósseo. Essas vesículas são nanopartículas que contém RNA e que, após serem secretadas por uma célula, seu conteúdo pode ser funcional em outra.
De acordo com a pesquisadora, observou-se, em dois modelos de artrite crônica em camundongos, a redução de parâmetros inflamatórios e clínicos, bem como redução na depleção de cartilagem. “Portanto, as nanopartículas do leite bovino parecem influenciar a resposta do modelo de artrite crônica de forma positiva, sendo promissor seu uso como tratamento, apesar de ainda faltar o aprofundamento no mecanismo. No remodelamento ósseo, essas vesículas aceleraram a diferenciação de osteoblastos em osteócitos in vitro e in vivo, associada à formação de uma matriz óssea mais imatura, que tem possibilidade de se tornar madura.”.
Marina concluiu também que a alteração no remodelamento ósseo causado pelas vesículas em camundongos saudáveis indica que seu uso pode tornar uma ferramenta importante não só na artrite, mas em doenças ósseas como osteoporose ou locais em que o remodelamento ósseo é necessário. Entretanto, ela atenta que “não se deve generalizar o uso das nanopartículas do leite ao consumo de leite, pois é um alimento que contém moléculas além das nanopartículas e, portanto, podem apresentar efeitos distintos”.


adalieneMauro Teixeira, Tarcília Silva, Adaliene Ferreira, Fons van de Loo, Marina Oliveira, Josefina Bressan, Maria Isabel Correia, Flávio Amaral

EFFECT OF DIETARY COMPONENTS ON ARTHRITIS AND BONE REMODELING
Discente: Marina Chaves de Oliveira, Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos
Orientadora: Professora Adaliene Versiani Matos Ferreira – Departamento de Nutrição, Escola de Enfermagem –UFMG
Orientador: Professor Fons A. J. van de Loo - Radboud University Nijmegen
Data da defesa: Data: 20/06/2016