Calendário

Acidente de trânsito é uma epidemia que causa impactos no SUS

DSC 0392Foi realizada nessa quarta, 21 de setembro, no auditório Maria Sinno da Escola de Enfermagem da UFMG, a mesa-redonda “Impactos dos acidentes de Trânsito na Saúde”. Essa foi mais uma ação da campanha da Semana Nacional de Trânsito 2016 do Campus Saúde da UFMG.
O evento discutiu as consequências dos acidentes, como os cuidados assistenciais, o impacto emocional nas famílias dos acidentados e o impacto financeiro para o Sistema Único de Saúde (SUS). Participaram da mesa as professoras da Escola de Enfermagem Allana Corrêa e Deborah Malta, e o professor da Faculdade de Medicina da UFMG, Frederico Garcia.

Cuidados na assistência
A professora Allana alertou para o fato de que o impacto causado pelo trauma é sempre inesperado e que, em poucas situações, as vítimas dos acidentes de trânsito podem contar com o atendimento adequado, inclusive, com hospitais de alta complexidade.

Segundo a professora, a velocidade dos veículos é um dos determinantes para o agravamento das lesões de trauma, causa de 50% das mortes nos locais do acidente. Dessa maneira, o trauma aparece como uma das interfaces da Rede de Atenção às Urgências, que tem o objetivo, por meio da conexão entre os diversos serviços de saúde, de qualificar o acesso ao atendimento em situação de urgência na rede pública de saúde.

Allana destacou que, no atendimento pré-hospitalar, a maior dificuldade é executar as prioridades nessa assistência de maneira adequada. Além disso, o profissional precisa avaliar a vítima continuamente. “A gente pensa sempre em levar aquela pessoa para o melhor atendimento possível, para que ela retorne minimamente ao estado que estava antes de sofrer o acidente”, afirmou.

Impacto emocional
“Falar de acidente de trânsito é mais uma epidemia industrial.”, declarou o professor Frederico Garcia. Ele também frisou que a indústria automobilística, ao mesmo tempo em que vendem carros com alta velocidade, vende a ideia de segurança no trânsito, com carros cada vez mais equipados em proteção.

Para o professor, abrir mão do apego gera o sofrimento pela perda, sendo preciso, então, enfrentar o processo de luto. Esse é o maior impacto emocional nas famílias das pessoas envolvidas com acidentes de trânsito, de acordo com Garcia.

Garcia explica que o sofrimento diminui a partir do enfrentamento do luto, que precisa ser entendido como um processo de vivência necessário, em que é preciso aceitar a perda e trabalhar a dor. Isso faz com que a realidade seja resignificada, a partir de novas perspectivas.

Impacto financeiro
A professora Deborah Malta informou que um dos grandes problemas que contribuem para a violência no trânsito é a hegemonia do transporte privado, em um país em que há circulação maior que 90 milhões de veículos nas ruas. O que se reflete no aumento dos números de atendimentos de emergências e internações, causadas por politraumatismos.

Apresentando dados do IPEA, de 2014, a professora destacou os mais de 120 mil acidentes de trânsito ocorridos nas rodovias federais, sendo a maioria das mortes presentes nos acidentes com colisões frontais. Por ano, somente nas rodovias federais, o custo desses acidentes chega a 12 bilhões de reais anuais. Quando analisada, em estimativa, toda a malha rodoviária do país, o custo total pode chegar a 42 bilhões de reais por ano.

“Eles destrincham os custos dos acidentes em relação a perda de produção, o que seria, de fato, o maior componente (a pessoa deixa de trabalhar e fica afastado), cerca de 43% desse total”, apontou. Ela ainda comentou que “a perda de produção é o impacto mais relevante do ponto de vista monetário”, porém não pode desconsiderar os custos emocionais e outros custos financeiros, como os 20% das despesas hospitalares.

Maria Alice Souza Vieira, aluna do 6º período do curso de Enfermagem, comentou sobre a importância de discutir esse tema na universidade. "O trânsito tem tudo a ver com a saúde e com a nossa formação. É uma temática multisetorial. É nosso trabalho entender e compreender a dinâmica dos acidentes de trânsito para podermos atuar na prevenção, na assistência e na reabilitação. Acredito que pelos números alarmantes apresentados nessa atividade, relacionados a alta mortalidade, morbidade, custos sociais e econômicos dos acidentes de trânsito essa temática tem que ser cada vez mais discutida na universidade", enfatizou.

Semana Nacional do Trânsito 2016
Com o tema “Eu sou + 1 por um trânsito + seguro”, a Semana tem como objetivo alertar e conscientizar a população sobre a responsabilidade no trânsito. No Campus Saúde, com atividades educativas e interativas desde a última quinta-feira, 15, a programação termina no dia 23 de setembro, data em que a exposição “Sonhos que Envelhecem” se encerra na Escola de Enfermagem. Aberta ao público, a exibição apresenta miniaturas de carros batidos e abandonados produzidas pelo expositor Altivo Horta de Castro.

A mesa-redonda foi promovida pela Comissão Organizadora de Eventos Educacionais para o Trânsito, vinculada à Comissão Permanente do Campus Saúde.
(Com Assessoria de Comunicação da Faculdade de Medicina)