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Prematuridade é tema de primeiro simpósio multiprofissional

jumarcattoEm alusão ao Dia Mundial da Prematuridade, comemorado no dia 17 de novembro, as professores da disciplina Enfermagem da Criança e do Adolescente: Juliana de Oliveira Marcatto, Bruna Manzo e Elysângela Dittz e membros da Liga Acadêmica Integrada de Cuidados às Crianças, Adolescentes e Mulheres (LAICCAM), promoveram I Simpósio Multiprofissional da Prematuridade, nos dias 20 e 21 de novembro, no auditório Maria Sinno da Escola de Enfermagem da UFMG.

De acordo com a professora Juliana de Oliveira Marcatto, uma das coordenadoras do simpósio, a ideia do evento surgiu de uma motivação vinda dos próprios alunos, visto o que a prematuridade é um dos grandes problemas enfrentados na área da saúde. “A prematuridade tem um ponto importantíssimo que é a delicadeza e a singularidade do cuidado, e isso muda a perspectiva de vida desses bebês. Assim, desenvolver nos alunos reflexões sobre o cuidado ao prematuro desde a academia, certamente, favorece a busca por melhores práticas e evidências”, contou.

Segundo Juliana, a prematuridade traz uma série de implicações para os recém- nascidos em função do grande número de complicações que esses bebês, que nascem antes do tempo, podem ter, sobretudo, complicações respiratórias e de sistema nervoso central. “São mais de 15 milhões de nascimentos prematuros por ano, no mundo; já o Brasil é o décimo país do mundo em nascimentos prematuros. Nesse simpósio trouxemos a perspectiva de um trabalho que precisa ser centrado nas necessidades da família e do recém-nascido, bem como na importância da indisciplinaridade para atingir os objetivos esperados. A partir desses pressupostos, nós abordamos a prematuridade orientada pela linha de cuidado desde o parto e nascimento, passando pelas questões relevantes do período de internação e finalizando com o seguimento ambulatorial dessas crianças”, explicou a professora.

A aluna do 8º período do curso de Enfermagem, membro da LAICCAM e uma das organizadoras do evento, Fernanda Machado Assunção, disse que esse simpósio surgiu de um sentimento de necessidade, vinda dos próprios alunos, de trazer um pouco da responsabilidade de falar sobre prematuridade no ambiente acadêmico. “Tendo em vista que a Escola de Enfermagem está muito inserida no ambulatório de acompanhamento da criança de alto risco e da criança prematura, criamos esse evento. Contamos com o auxílio das professoras da disciplina ‘Enfermagem da Criança e do Adolescente’, e trouxemos alguns profissionais do Hospital das Clínicas da UFMG e do Hospital Sofia Feldman para falar sobre esse tema”, completou a graduanda.

A palestrante Raquel Lima de Paula, Médica Neonatologista do Hospital Sofia Feldman, abordou sobre as boas práticas que antecedem o parto e as durante o parto e nascimento dos prematuros. Segundo ela, essas práticas são mudanças na rotina que visam contribuir com a redução da morbilidade e a mortalidade dos recém nascidos prematuros. “As medidas que antecedem o parto são muito importantes. Toda mulher em situação de risco de parto prematuro deve ser transferida para o centro de referência, isso está cada vez mais claro para os profissionais de saúde, pois melhora muito a sobrevivência. Há também algumas medidas simples durante o parto e nascimento que são muito eficazes: a prevenção da hipotermia, a reanimação adequada, o uso de suporte ventilatório menos invasivo para evitar lesão pulmonar, e isso tudo com o foco do cuidado multidisciplinar”, explicou Raquel.

DSC 1943                                                            Ciclo de palestras sobre parto e nascimento do prematuro

A enfermeira obstétrica Danúbia Mariane Barbosa Jardim, falou sobre sua experiência de trabalho em relação ao nascimento prematuro e sobre como que a enfermagem obstétrica pode atuar nesse nascimento para minimizar o sofrimento da família, e de todas as questões que são associadas às expectativas do nascimento prematuro. “Eu sou enfermeira obstétrica, desse modo, assisto aos bebês prematuros em sala de parto, essa minha experiência já tem alguns anos. Nós sempre tentamos assistir o nascimento da forma mais humanizada possível e compartilhar esse conhecimento que temos do nascimento prematuro para confortar os familiares e a própria gestante”, relatou Danúbia.

A experiência profissional ambulatorial na perspectiva multidisciplinar
No segundo dia do simpósio, ocorreu a mesa-redonda sobre o tema “Seguimento Ambulatorial do Prematuro na Perspectiva Multidisciplinar” que contou com a presença das conferencistas: Marina de Moraes Servilha, Lívia de Castro Magalhães, Juliana de Oliveira Marcatto, Gabriela Neves e Elisabeth Caetano da Costa.

A professora Juliana Marcatto explicou que o ambulatório do ACRIAR faz parte de um projeto de extensão da Escola de Enfermagem e auxilia os alunos a ter um contato prático maior nas linhas de cuidado ao prematuro. “Esse projeto é coordenado pela professora Delma Aurélia da Silva Simão. Nós temos três alunos, dois bolsistas e um voluntário. Começamos no trabalho no ACRIAR reestruturando e escrevendo o macroprocesso, e relatamos como funciona o fluxo do ambulatório; começamos investigando que cada especialidade faz e trabalhamos também um fluxo de urgências. Temos anualmente 3 a cada 4 casos de urgência e o ambulatório precisa estar preparado para atender; além disso, trabalhamos uma pesquisa de satisfação do cliente; e agora estamos fazendo um treinamento de urgência e emergência. A principal proposição desse trabalho foi uma consulta interdisciplinar e a ideia foi trazer a multidisciplinaridade do contexto teórico para a prática”, explicou.

marina servilaA médica pediatria do Ambulatório da Criança de Risco – ACRIAR, ambulatório anexo ao Hospital das Clínicas da UFMG (HC-UFMG), Marina de Moraes Servilha, contou a experiência do acompanhamento dos prematuros no ACRIAR. Ela também contou sobre a importância do acompanhamento interdisciplinar e as dificuldades enfrentadas no ambulatório. “Uma das dificuldades que enfrentamos é a falta de recursos. Gostaríamos de contar com vários profissionais, mas algumas vezes temos apenas um de cada área da saúde, se tivéssemos mais teríamos uma demanda maior e poderíamos auxiliar mais famílias”, abordou.

Para Marina, é importante que os alunos da Enfermagem tenham contato com essa área, pois existe muita demanda. “Acho que é uma área que tem muito a crescer, os prematuros, hoje em dia, cada vez sobrevivem mais e vão precisar ser acompanhados”, explicou médica.

Lívia de Castro Magalhães, Terapeuta Ocupacional do ACRIAR no HC-UFMG, também abordou sobre seu trabalho no ambulatório, voltado para o pensamento terapêutico. Segundo ela, a prematuridade tem aumentado e é uma das maiores causas de óbito na criança recém-nascida; quanto menor a idade gestacional, menor o peso do bebê e maiores as chances dele ter algum tipo de alteração no sistema nervoso central e como conseqüência alterações no desenvolvimento. “Alguns dos nossos dados apontam que 34 a 50% das crianças que acompanhamos, de 0 a 7 anos, tem algum tipo de sequela. E quando elas são graves, nós identificamos muito cedo, e rapidamente as crianças são encaminhados para o atendimento”.

A fisioterapeuta do Hospital Sofia Feldman, Gabriela Neves demonstrou as experiências adquiridas e como funciona o acompanhamento das crianças de alto risco, prematuros extremos, extremo e baixo peso, e o acompanhamento do desenvolvimento neuropsicomotor dessas crianças. “Fazemos o acompanhamento das crianças até os dois anos de idade, não são todas as crianças que são atendidas. Nós ainda fazemos sete avaliações, assim o nosso objetivo é só o de triar crianças. Depois que a criança é triada, a família segue com orientações sobre os cuidados no estimulo ao desenvolvimento e quando percebemos algum atraso no desenvolvimento da criança, encaminhamos para instituições competentes e especificas”, esclareceu Gabriela.

Elisabeth Caetano da Costa, assistente social do Hospital Sofia Feldman, falou sobre a transferência do cuidado, ou seja, quando o bebê recebe alta do hospital o cuidado que é necessário no retorno para casa. “Enquanto o neném está no hospital, quem está cuidando são os enfermeiros, os médicos, a equipe de uma forma geral, e quando ele volta para casa, a família que vai cuidar. Por isso é importante fazer um contato com a unidade básica mais próxima da residência, para que aquele bebê seja bem recebido em sua casa e que tenha um acompanhamento médico o mais próximo possível”.

De acordo com a assistente social, as famílias enfrentam diversas dificuldades nessa volta da criança para casa. “O medo de cuidar de uma criança que nasceu bem antes e é bem pequenininho, é uma das dificuldades enfrentadas e o acompanhamento do profissional de saúde é essencial nessas horas. Quando o bebê vai de baixo peso para casa, menos de 2500 gramas, ele tem que ir, um dia sim e um dia não, durante a semana, para pesar, mas a dificuldade, muitas vezes é a família ir à Unidade Básica de Saúde”, informou Elisabeth.