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Comportamento suicida, situação de vulnerabilidade e formas de enfrentamento são discutidos em seminário

esa abertura evento suicidioNesta quarta-feira, 29 de novembro, profissionais da área da saúde, da sociedade civil, professores e estudantes estiveram reunidos, no auditório Maria Sinno da Escola de Enfermagem da UFMG, para o seminário “Comportamento suicida, situação de vulnerabilidade e formas de enfrentamento”. O objetivo do evento foi discutir o tema suicídio com a comunidade acadêmica sob uma perspectiva humanística e voltada para a área da saúde.

A mesa de abertura foi composta pela vice-diretora da Escola de Enfermagem da UFMG, professora Sônia Maria Soares; pela organizadora do evento, coordenadora do Grupo de Pesquisa, Núcleo de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental, Álcool e outras Drogas, professora Amanda Márcia dos Santos Reinaldo; e pela palestrante Nadja Cristiane Lappann Botti, psicóloga, enfermeira e professora da Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ).

A professora Sônia agradeceu a presença dos participantes no evento, destacou a importância do aprendizado acadêmico sobre o tema do comportamento suicida e o papel do profissional da saúde no auxílio dessas pessoas. “Acima de tudo, somos profissionais responsáveis pelo cuidado do outro, por isso é importante construirmos uma sensibilização durante o período universitário, a fim de buscar boas práticas no amparo às vítimas do comportamento suicida”, elucidou a vice-diretora.

A professora Amanda ressaltou que a ideia do seminário foi demanda dos alunos e que o objetivo foi trazer a discussão do tema suicídio para a universidade para que possam discutir esse tema sem preconceito, com uma visão mais científica da questão. "Tem uma cultura em volta do suicídio que as pessoas ou falam demais ou bem pouco. Isso prejudica na prevenção. Quando trazemos os problemas para a academia, com especialistas na área para discutir o tema da segurança, começamos a pensar ações de prevenção dentro do ambiente acadêmico", enfatizou.


A psicóloga Nadja Botti ministrou a conferência A vida entre Parênteses: comportamento suicida, situação de vulnerabilidade e formas de enfrentamento com o objetivo de abordar conceitos científicos do comportamento suicida e refletir sobre o comportamento suicida no ambiente acadêmico.

nadjaEla pontuou que o comportamento suicida começa com a ideação, com o plano, a tentativa e a própria morte e que quando alguém faz ameaça, faz parte do ato suicida. “A tentativa é outra forma que se revela o ato. Um outro conceito importante é o que é esse ato. Não é falta de coragem, falta de amor, de Deus ou de fé. É um ato dor. O suicídio vem em resposta a uma dor psicológica que chamamos de Saikei, uma dor interminável, insuportável e inescapável. E o sujeito pensa em findar ou desistir de existir para aliviar essa dor”, explicou.

De acordo com a professora, o Brasil é o 8º país em números absolutos de suicídios, com uma morte a cada 45 minutos. Entre 2013 e 2015, houve um aumento de 5% no número absoluto e 4% na taxa. Em Minas Gerais, o aumento foi de 11% no número absoluto e 10% na taxa, em três anos. São três mortes por suicídio registradas por dia. Ela enfatizou que a Organização Mundial de Saúde prevê que em 2020 haverá 1 milhão e meio de mortes por suicídio. O comportamento suicida se revela de forma diferente em relação ao gênero e ao ciclo vital. “No gênero temos mais mortes por suicídio entre os homens, e mais tentativas entre as mulheres, exceto na China. A razão no Brasil é 4 para 1, 4 mortes de homem para uma mulher. Mas depende do grupo social, na universidade, nós temos 2 mortes de mulher para uma de homem. Em relação à tentativa, o número é maior na adolescência e menor em função do planejamento, no idoso. Entre os jovens de 15 a 24 anos, é a segunda causa de morte no mundo”.

Para Nadja, não existem motivos que causam o comportamento suicida, ele é complexo, multifatorial. “Existem vários fatores de risco envolvidos e fatores precipitantes, mas em geral podemos pensar o comportamento suicida e o suicídio como uma resposta a essa dor psicológica”.

Sobre as situações de vulnerabilidade para o suicídio, ela citou pessoas com transtornos mentais que não são identificados, ou são identificados, diagnosticados, mas não são tratados e vítimas de abuso, de várias formas de violência e desastres. No que diz respeito às formas de enfrentamento, a professora destacou três níveis de prevenção. A prevenção universal, com a melhora de qualidade de vida e saúde mental, principalmente na busca de ajuda e no desenvolvimento de habilidades psicossociais; . uma prevenção que é indicada por esses grupos que têm maior risco, os grupos vítimas de desastres, abusos, maus tratos, violências; e uma forma de enfrentamento muito eficaz que é o acompanhamento durante dois anos com pessoas com tentativa de suicídio.